Doces, gordura e excesso de peso são parte das preocupações do brasileiro, assim como os açúcares e, por consequência, os adoçantes (especialmente os de baixa ou nenhuma caloria). Sabe-se que uma alimentação rica em açúcares refinados, como os presentes em diversas guloseimas, contribui para o ganho de peso e para o desenvolvimento de “Doenças Crônicas Não Transmissíveis” (DCNT’s), como diabetes.

Para isso, surgem os adoçantes de baixa ou nenhuma caloria (LNCS – sigla em inglês para essa categoria)! Uma alternativa ao consumo de açúcares e uma viabilidade para a redução da ingestão de calorias, sem perder aquele poder de adocicar diferentes preparações do nosso dia a dia. Entretanto, ainda hoje surgem diversas dúvidas quanto a quais adoçantes são permitidos, qual o seu consumo ideal e se fazem mal à saúde.

Você conhece os adoçantes? Sabe quanto consumir ou quais consumir? Quer se aprofundar?

Então siga conosco para conhecer mais sobre esse assunto.

O que são adoçantes?

Os adoçantes são opções com maior capacidade de adoçar, sendo carboidratos como o açúcar refinado, açúcar mascavo, açúcar orgânico, mel, poliois, entre outros.

A categoria de adoçantes LNCS (Low or No Calorie Sweeteners) possui uma diversidade alta de opções, sendo os poliois representantes dessa categoria.

Poliois (“açúcares de álcoois”) são uma classe de carboidratos, também denominados edulcorantes, com função semelhante ao açúcar, empregados especialmente na indústria de alimentos em maiores proporções para que ocorra a mesma modificação no sabor.

Dentre esses, podemos dividir em duas categorias principais: Naturais e Artificiais.

Adoçantes Naturais e Artificiais

Os adoçantes naturais são aqueles extraídos diretamente da natureza, enquanto os artificiais são aqueles sintetizados em laboratórios.

Com o tempo surgiram diferentes especulações, novos estudos e tendências a tentar determinar o quão saudável seria a aplicabilidade desses adoçantes no dia a dia. Ideias como “adoçantes naturais são preferíveis à artificiais”, “adoçantes são perigosos para a saúde”, entre outras colocações, tornaram-se recorrentes e, por consequência, a falta de conhecimento da população a deixa como refém de proposições adversas, como as feitas a partir de interpretações incompletas de estudos e artigos científicos testados, majoritariamente, em animais ou em uma taxa amostral menor.

Sabe-se hoje que todos os diferentes adoçantes testados e certificados pela Anvisa são válidos para uso, dado que os mesmos foram assegurados por organizações internacionais, como a OMS, garantindo uma ficha específica para cada um, com seu grau de segurança para uso.

Todos os adoçantes passaram por etapas de aprovação, onde ocorrem a estimativa de exposição baseada no poder dulçor do mesmo (provável consumo do edulcorante); estudos de farmacocinética e metabolismo (ADME – absorção, distribuição, metabolismo e excreção); e estudos toxicológicos (toxicidade aguda de curto a longo prazo, potencial carcinogênico, etc.) Isso demonstra que os mesmos são muito bem observados antes de serem permitidos e indicados para consumo.

Mitos e verdades sobre adoçantes

Ao longo dos anos, devido a falta de estudos práticos em humanos, a ação dos adoçantes no corpo foi parcialmente elucidada ou deduzida, trazendo à tona diversas definições e conclusões precipitadas sobre sua passagem pelo nosso organismo. Com isso, trazemos a vocês 3 mitos e/ou verdades sobre o consumo de adoçantes de baixa ou nenhuma caloria:

1. Adoçante é permitido durante a gravidez

Por incrível que pareça, sim! Os adoçantes comuns e permitidos pela Anvisa são de uso seguro para gestantes, desde que nas proporções adequadas. Como as fórmulas são estabelecidas e corrigidas por peso, as mesmas tornam-se abrangentes o suficiente, variando conforme o adoçante escolhido para consumo. Entretanto, sabe-se que alguns adoçantes são capazes de ultrapassar a barreira placentária, logo nenhum cuidado é demais ao consumir fontes não específicas por aí.

2. Adoçantes interferem na insulina?

A insulina é um hormônio de nosso corpo essencial para seu funcionamento, por ser o principal hormônio anabólico do nosso sistema. Em outras palavras: ele auxilia no armazenamento de compostos e na construção de moléculas maiores.

Esse hormônio é liberado em maior quantidade em nosso organismo quando nos alimentamos e, principalmente, na presença de alimentos com maiores fontes de carboidratos (Hidratos de Carbono), o que propicia o maior armazenamento de glicose sanguínea proveniente desses alimentos em glicogênio (fonte armazenada de energia) nos nossos músculos e fígado, além de outros compostos.

Os adoçantes por outro lado foram discutidos quanto a sua ação glicêmica. Em um estudo feito por Russel et (2013) e mais tarde por Romo-Romo et al (2016), demonstrou-se que esses adoçantes não possuem ação sobre nossa glicemia, nossa insulina e nem sobre nossa hemoglobina glicada, que são parâmetros para avaliar nossa resposta à metabolização e absorção da glicose.

3. Xilitol e Eritritol provocam gases?

Os adoçantes Xilitol e Eritritol são grandes conhecidos no dia de hoje, no entanto algumas pessoas costumam criticar seus efeitos adversos. Mas será que todos conhecem seus mecanismos? Claro que a individualização é importante, mas no caso desses adoçantes, o Xilitol é majoritariamente fermentado em nosso intestino, sendo passível de ocasionar algum desconforto nessa região ao usuário, enquanto o Eritritol tem mais da metade de sua excreção pela urina, o que o torna menos passível de ser fermentado no intestino.

Exemplos de adoçantes

Estévia

A planta Stevia foi utilizada por muito tempo como adoçante em países sul-americanos, até que no ano de 1931, os glicosídeos de esteviol, ou seja, compostos específicos da planta que proporcionam a sensação doce, foram isolados e agregados em tal adoçante.

Seu poder adoçante é cerca de, aproximadamente, 200 a 300 vezes mais doce do que a sacarose. Os glicosídeos de esteviol são especialmente decompostos no intestino, enquanto a stevia é excretada em maior parte na urina, sem calorias.

Sucralose

Descoberta em 1976, na Universidade de Londres, a Sucralose possui um poder adoçante de 600 a 650 vezes maior do que a sacarose, sendo minimamente metabolizada e não sofrendo alteração em sua excreção.

Ciclamato Sódico

O ciclamato foi descoberto em 1937, na Universidade de Illinois e confere um potencial dulçor de 30 a 40 vezes mais que a sacarose, sendo não metabolizado (geralmente) e não oferecendo calorias.

Sacarina

Sendo o primeiro adoçante de baixa ou nenhuma caloria formado, foi descoberto em 1879, na região da França e oferecendo 300 a 500 vezes um poder superior adoçante em relação à sacarose.

Aspartame

Descoberto em 1965, logo antes do Acessulfame-K, com capacidade adoçante aproximadamente 200 vezes maior, quando comparado à Sacarose, não sendo metabolizado.

Por que consumir ou não adoçantes?

Os adoçantes de baixa ou nenhuma caloria são uma via de auxílio no processo de perda de peso e até na manutenção desse número, visto que oferecem baixas quantidades de calorias ou nenhuma em muitos casos, proporcionando o dulçor e diminuindo o consumo de sacarose. Logo, servindo de suporte no processo de redução do consumo de açúcares refinados e na perda de peso. Mas vale lembrar que o processo de redução do peso corporal requer uma ingestão menor do que se consome em energia no dia, ou seja, depende de um contexto geral de alimentação e nutrientes.

Na diabetes, o consumo de adoçantes pode ser um facilitador para aqueles que pensam ser necessário abdicar o doce de seu paladar. 

Quer entender um pouco mais sobre como o adoçante pode ser uma opção para diabéticos? Conheça mais sobre essa alternativa em nosso artigo!

Como mencionado anteriormente, por não influenciar alterações de indicadores glicêmicos, contribui tanto para a permissão do consumo por diabéticos, como auxilia na manutenção do peso para obesos, o que auxilia diretamente em processos de emagrecimento desse tipo de público.

Os adoçantes contribuem para a preservação da saúde oral, não sendo cariogênicos, consequentemente, não resultando na formação de cáries.

Concluindo: optar por adoçantes de baixa ou nenhuma caloria pode ser uma opção para a diminuição do consumo de açúcar refinado em altas quantidades e, por consequência, a porta de entrada para o início da preservação de sua própria saúde.

Recomendação de Ingestão Diária Aceitável (IDA)

A Ingestão Diária Aceitável é um parâmetro que se baseia num teto para o consumo de adoçantes sem efeitos colaterais, onde foi calculado e dividido a partir de um máximo, estipulado através de testagens realizadas. Esses valores são diferentes para cada modalidade, como visto a seguir:

– ASPARTAME: 0 – 40 mg/ kg corporal

– CICLAMATO: 0 – 11 mg/ kg corporal

– GLICOSÍDEO DE ESTEVIOL: 0 – 4 mg/ kg corporal

– SACARINA: 0 – 5 mg/ kg corporal

– SUCRALOSE: 0 – 15 mg/ kg corporal

Conclusão

Os adoçantes ainda não estão totalmente elucidados na literatura, entretanto é importante sempre filtrar o conteúdo que recebemos e o grau de aplicação dos estudos científicos que nos norteiam. Existe uma hierarquia de relevância entre os métodos utilizados e muitos estudos são realizados em animais, utilizando metodologias que, quando comparados a outros, demonstram menor aplicabilidade no dia a dia.

Instituições, órgãos e sociedades internacionais estudaram, estudam e vão estudar sempre esse assunto, no intuito de fornecer à população recomendações diretas e válidas para serem exercidas diariamente, em busca da promoção de uma melhora da qualidade de vida.

Não tenha medo dos adoçantes, mas busque conhecê-los melhor! Nada em excesso é bom e siga as recomendações de seu nutricionista e/ou médico.